UA-142702713-1 Gratidão: na beleza, na falta aparente de beleza e na falta total de beleza.
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Gratidão: na beleza, na falta aparente de beleza e na falta total de beleza.



É com tranquilidade e alegria que expressamos gratidão quando os tempos são bons.


Agradecemos pela farta opção de sabores exposta em nossa mesa. Rimos ao final de uma rápida oração de agradecimento “por todos os alimentos, amém! ” E nos apressamos em compartilhar sabores, cores e aromas, sabendo que ao final, estaremos tão satisfeitos.

Ao anoitecer, fazemos uma oração ao lado da cama de cada filho. Com alegria e paz (às vezes, até uma sensação de alívio!), agradecemos pelo dia de aula e por termos cada um com saúde em sua cama aconchegante, com aquele cheirinho de família pela casa.

Como casal, agradecemos juntos pelo trabalho, pelas conquistas, pelas necessidades atendidas, pelo bom relacionamento e dormimos abraçados.

Somos gratos a Deus, pois sabemos que tudo vem Dele e agradecer faz todo sentido, quando a “abundância” é clara naquilo que é visível.

Como isso tudo é bom!

Contudo, nossa vida não é um comercial de margarina.

Vamos falar daqueles “cenários” aparentemente sem beleza. Pense na realidade do seu dia-a-dia como mãe, esposa, dona-de-casa, profissional, estudante ... 

Calma, eu prometo não estragar nossa reflexão. Afinal, também posso ser grata...

... pela pia cheia de louça para lavar, que me lembra que acabei de ter a família reunida ao redor da mesa para um jantar que eu mesma preparei.

...pela comida mofada que encontrei no fundo da geladeira, que mais parece uma experiência da aula de Ciências do meu filho, pois me lembra que o alimento não está faltando.

...pelo armário de roupas a ser organizado, que me lembra que as crianças estão crescendo, escolhendo sozinhas a camiseta na gaveta (óh, céus!) e ficando com as calças cada vez mais curtas.

...pela casa para limpar, pois as pegadas marrons pelo chão branco da cozinha, me fazem lembrar que meu filho pode jogar bola e soltar pipa com os amigos e isso faz tão bem! As marcas de mãos sujas na parede, me lembram que meu filho está um rapazinho que quer se equilibrar no skate, mas ainda precisa de apoio.

...pelo banheiro para lavar, que me faz lembrar que meu filho mais velho pode tomar banho sozinho. Os pingos de xixi que não me deixam esquecer que o filho mais novo está tendo sucesso no processo de desfralde, mesmo com um diagnóstico médico tão complicado.

...pelos horários malucos (ou que me deixam maluca!), das atividades escolares, aulas extras, terapias de todos os tipos, tão importantes para o desenvolvimento dos meninos.

...pelo choramingo que me acorda no meio da madrugada, me lembrando que alguém precisa sentir a segurança e que só o meu carinho pode transmitir. Me lembra ainda que, assim como eu respondo com meu afago, Deus está sempre com os braços abertos para me acolher.

...pela voz que me acorda bem cedinho no sábado: “Mãe, levanta! Já são 7 horas e hoje é sábado!!!”, para me lembrar que a vida é uma dádiva e preciso desfrutá-la.

...pelo meio pão com manteiga que meu filho de 4 anos tira do bolso do casaco, após o dia inteiro na escola, dizendo generosamente: "mamãe, estava gostoso, então eu quis guardar para repartir com você".

Mas, e quando o cenário é outro? Eventualmente, passamos por situações de vida bem complicadas e inerentes à condição humana. A vida é cheia de momentos que nos abalam.

Quando em minha mesa há apenas um prato de fubá, para uma única refeição a ser compartilhada com a família.

Quando minha única calça jeans já não tem cor definida.

Quando eu penso (o que antes era apenas uma expressão banal): “precisava ir ao mercado, não tenho nada (literalmente) na geladeira e na despensa".

Quando meu filho recebe um diagnóstico humanamente imutável e sem bons prognósticos.

Quando eu fico de olho nos “recicláveis” das calçadas, pois o único berço que poderei oferecer ao meu filho é uma caixa de sapatos e eu gostaria muito de encontrar uma caixa nova de botas, por ser mais espaçosa.

Quando eu tenho um sangramento durante a gravidez e os médicos dizem: volte daqui uma semana, faremos novo ultrassom para avaliar, pois provavelmente “não há mais vida em seu útero”.

Quando meu filho tira do bolso algumas sementes de maçãs, que comeu na escola, levanta em direção a lâmpada da cozinha e diz: “cresce sementinha, aproveita essa luz e vira uma árvore, assim o papai não vai precisar mais comprar maçãs.”.

Quando meu relacionamento com o marido está seco e parece sem solução (e é, se não houver o perdão).

Quando eu durmo no hospital e o único cheiro que sinto é o de ...hospital!

Quando falta o carro, falta o dinheiro, falta a festa, falta a saúde dos relacionamentos, falta a beleza da fartura...

São nessas situações que somos capazes de expressar um tipo de gratidão que não seria possível de outra forma.

Mesmo quando as circunstâncias e esperanças terrenas são afetadas, nossa esperança no que é eterno nunca será perdida. Continuamos a dar graças, não pelo problema, mas porque sabemos que há alguém que sempre está conosco.

Mesmo que não haja a mesa farta, a provisão do que realmente precisamos chega, às vezes da forma mais inesperada.  

A alegria e a gratidão não estão diretamente ligadas ao padrão/conceito de prosperidade da sociedade. Não são consequências diretas das bênçãos visíveis ou dos bens materiais.

Nossa gratidão é por tudo o que Deus é e já fez por nós. Ele é nossa plenitude. A nossa vida transborda da graça e misericórdia de um Deus eterno e fiel ao Seu próprio caráter, transborda porque há sempre mais do que pedimos ou podemos imaginar. Ele é suficiente em si mesmo. 

A nossa gratidão é constante, porque a Sua graça é infinita e permanente.

Quando estamos em Deus, encontramos contentamento. Dele transborda a graça e de nós a gratidão.

Obrigada, Deus! Muito obrigada pela oportunidade de depender totalmente do Senhor! Que eu seja uma mulher que se alegra na bondade do Senhor, dando graças em todas as estações da vida. Amém!

PS: Todos os exemplos citados no texto foram testados por mim!


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Sou Alessandra, casada há 21 anos com o mesmo menino para quem mandei uma cartinha de amor aos 11 anos.  Mãe de dois meninos queridos. Pedagoga especializada em Atendimento Educacional Especializado (AEE/Educação Especial), estudando Neurociência da Educação. Mãe educadora. Autora do "Meu plano perfeito", um livro-planner, publicado pela Editora Thomas Nelson Brasil. Em 2008, comecei a escrever o blog "Tomando uma chávena de chá", através do qual fiz muitas amizades, aprendi com muitas pessoas e, surpreendentemente, ajudei outras a repensarem algumas atitudes através da exposição da minha experiência de vida. Criei a Central do Corpo Caloso - Brasil um tempo depois de receber o diagnóstico do meu filho mais novo, com o  objetivo de conectar as famílias e divulgar informações e troca de experiências relevantes a uma melhor qualidade de vida. Também estive na equipe do MOPS (Mothers of Preschoolers) no Brasil onde, entre outras tarefas, coordenei o MOPS Necessidades especiais. MOPS é uma organização para mães de crianças pequenas em todo o mundo e eu tive o privilégio de ser parte deste movimento que acredita que mães unidas fazem um mundo melhor.


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