Eles estão bem ali. Com suas pernas compridas, seus ombros largos, e passos rápidos.
Eles chegaram e os conheci 9 anos atrás. Meus filhos, gêmeos. Recebê-los nos meus braços foi extraordinário. Uma mistura de medo e admiração pelo milagre que presenciava, vivo aos meus olhos.
Como toda mãe, tenho as melhores e muitas histórias de mãe para contar aos meus filhos. Um dia estamos sentados ao redor de uma mesa (com horário apertado para ir para a escola), ou estamos no macio dos travesseiros, durante a rotina diária do sono. Outras vezes estamos caminhando, ao fim da tarde, com nossa cachorrinha e então sinto em meu coração o chamado para compartilhar com eles as minhas histórias de mãe.
Nessa última semana, estava banhada pelo cansaço de estar ligada em mil e uma tarefas. Foi quando um deles me chamou e pediu um abraço. Levemente encaixei sua cabeça no centro do meu peito e pude encostar bem perto para sentir o perfume da sua cabecinha. Um cheiro de filho. Que cheiro bom! Se você é mãe pode entender isso. Naquele momento uma história brotou em meus pensamentos e pude rapidamente viver aquele primeiro momento do primeiro abraço. Só eu e eles.
Isso aconteceu alguns dias depois que eles nasceram. Meus filhos vieram muito pequenos e viveram seus primeiros dias na UTI da maternidade. Dormi a primeira, a segunda, ... , a sexta noite com apenas a memória deles no meu coração. O que me manteve ligada a eles era o perfume de cada um. Eu carregava duas fraldas de pano de forma que o meu perfume impregnasse no tecido e quando ia visitá-los na maternidade, trocava de fraldas com eles, de forma que cada um recebesse o meu perfume no tecido e eu ganhasse o perfume deles.
Me lembro de dormir com o perfume deles vindo daquele tecido, e me alimentar daquilo e orar com tanta clareza e precisão sobre gratidão. A gratidão ao meu Deus, que me sustentava, que guiava e colocava pessoas amorosas ao lado dos meus filhos quando eu não podia estar. Orava em gratidão porque Ele me trazia em segurança para os braços do meu marido. Uma gratidão que eu não conseguia racionalizar, conseguia apenas inspirar e exalar através do perfume que recebia com aquele tecido.
Os dias passaram, meus meninos se fortaleceram, e pudemos então dormir abraçados pela primeira vez. Nós três, no abraço do nosso Pai.
Minhas histórias de mãe sempre carregam a gratidão a Deus, em seu contexto. Quando olho para os meus filhos, tenho a certeza que recebi um presente, algo tão maior e tão mais belo do que qualquer coisa que poderia jamais desejar.
Por momentos do meu dia começo a entender o amor de Deus Pai por mim. Deus me fez uma mãe. Ele me deu o presente dessa nova identidade. Meus filhos me trazem histórias para viver a maternidade: histórias de mãe. E delas tenho muitas em meu coração.
Todas as histórias de mãe caminham juntas com as histórias dos filhos. Eles são nossa herança. Que privilégio poder contar histórias de mãe.
"Que todo o meu ser louve o Senhor , e que eu não esqueça nenhuma das suas bênçãos!" Salmos 103:2 NTLH
Elena Portes Teixeira Will
Elena Will é mãe de gêmeos, esposa do seu amor por 16 anos e filha de uma família muito amorosa. Ser mãe transformou seu olhar e seu relacionamento com Deus. Hoje atua como voluntária no MOPS Brasil, na coordenação do Brasil, enquanto segue seus dias sendo mãe, esposa, profissional e filha de um Pai tão bom.