MOPS Brasil Blog
Os dois lados da maternidade

Depois de ser mãe, o que mais me impressionou foi a riqueza e a complexidade da maternidade. Antes de viver essa experiência, imaginava que não teria outro sentimento senão a alegria de segurar nos braços o meu bebê. Porém, mergulhei em um turbilhão de emoções contraditórias, numa intensidade tão grande que tive dificuldade em compreendê-las.
Com pouco mais de 30 anos, casada e carreira profissional bem encaminhada, meu marido e eu decidimos realizar o sonho de ter filhos. Não demorou muito e a barriga começou a crescer. Com ela, cresceram também os ideais de uma vida plena de amor, esperança e felicidade. Realmente, os meses que antecederam a chegada de Henrique foram repletos de expectativas, fotos e afazeres deliciosos com cores e perfumes de bebê. Não imaginava outra coisa senão o prazer de ter meu filho entre nós. Junto com aquele amado “serzinho”, no entanto, outros sentimentos inesperados chegaram.
Depois de um mês sob os cuidados de minha mãe e minha sogra, me senti, pela primeira vez, sozinha com o Henrique. Quando vi aquele pequenino rosto angelical, de olhinhos fechados num sono profundo em seu berço, o silêncio à minha volta foi quebrado violentamente com o meu choro desesperado. O meu peito foi invadido por sentimentos ambíguos. Não entendia. Era muito amor e, ao mesmo tempo, muito medo. Serei capaz de cuidar de um ser humano? É muita responsabilidade! Não vou conseguir!
Não sabia como enfrentar essa batalha interna e me via perdida em minha própria casa. Então, me ajoelhava, orava e buscava em Deus, com ardor, por uma ajuda. Levantava, respirava fundo e partia para uma das milhares de tarefas domésticas que me esperavam. Uma de cada vez. Assim, os dias se tornaram meses, e a tempestade em meu coração foi se acalmando.
Com o tempo, embora essas questões estivessem se assentando em meu peito, percebia que, na verdade, não estava resolvendo os sentimentos que me afligiam. Nessa jornada solitária, eu só os estava guardando em algum lugar. Eles não foram superados, mas, sim, silenciados. Porém, como Deus é conhecedor das profundezas de nosso coração e poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, Ele não só me tirou daquela condição de medo e angústia, como me deu um “lugar” de amor e encorajamento para vencer qualquer desafio imposto pela missão de ser mãe: o MOPS.
Quando fui convidada a participar de uma das reuniões do MOPS, não imaginava que teria ali um refúgio. Na simplicidade de um encontro de mães amigas, achei a resposta para tantas das dificuldades que passei e que agora, com dois filhos, ainda estava enfrentando.
O contato com o MOPS me ajudou a resolver velhas questões e a enxergar coisas que deixei para trás na rotina corrida de mãe. Essa que, aliás, para mim, é a nossa maior inimiga, porque somos tomadas por ela e não percebemos o quanto deixamos de lado o que é realmente importante.
Perdemos a nossa identidade e fazemos, muitas vezes, coisas das quais não nos orgulhamos. Pois é na maternidade que nos deparamos com a sombra nua e crua de quem realmente somos. E, infelizmente, nem sempre gostamos do que vemos.
O que fazer diante disso?
No MOPS, tive ensinamentos preciosos de como, com amor, leveza e coragem, olhar para mim mesma, me encontrar e buscar em Jesus a pessoa e a mãe que eu gostaria de ser.
É como um feliz lembrete de como somos especiais para os nossos filhos e para Deus. Somente por meio de Seu amor e misericórdia podemos ser tratadas e aperfeiçoadas em nossa mais linda e importante atribuição na Terra: a de ser mãe.
Jaqueline Mendes Cilo
Jaqueline Mendes Cilo, 37, jornalista, esposa, dona de casa e mãe de Henrique, 5, e Ana, 2. Casada com Hugo Cilo, deixou o trabalho após o nascimento de seu primogênito para cuidar exclusivamente da família. Nessa jornada, descobriu a tremenda importância de zelar pelo bem maior que Deus lhe deu: seu marido e seus filhos. Gosta muito de viajar, conhecer pessoas e de conversar. Atualmente, mora em Vinhedo, SP.