Um dia meu primeiro filho ainda bem pequeno virou a carinha para o outro lado quando o papai chegou em casa e foi lhe dar um abraço. Vi a tristeza nos olhos de ambos. Naquele momento meu marido tomou a decisão de priorizar a quantidade de tempo que iria passar com a família independentemente do que lhe custasse no trabalho.
Colocamos em oração, mesmo sem perspectivas de mudanças. O que aconteceu depois foi maravilhoso, porém nos levou a tempos de maior separação e angústias.
Despedimo-nos do ano de 2003 para entrarmos no janeiro mais longo de nossas vidas... Dessa decisão Deus nos proporcionou um tempo juntos em família nos Estados Unidos! Últimos dias para curtir a família no Brasil, e era no Ano novo!
Foi tudo tão tão rápido que o marido partiu com o visto para negócios na esperança de somente iniciar o processo de integração e voltar rapidamente para darmos andamento no visto de residente e viajarmos juntos para o Colorado. Contudo, a visita de integração se transformou em um, dois, três meses fora sem a família!
Nesse período continuei frequentando o pequeno grupo de casais e um dia a esposa do pastor viu na cabeça de meu segundo uma falha capilar no topo da cabeça. Tremi na hora. Eu percebia que ele ficava brincando com o cabelo mas não tinha percebido que estava arrancando! A ansiedade pela ausência prolongada do pai...
A cura de meu filho chegou com o pai voltando para casa. Ele nunca mais arrancou cabelos. E nem eu, no sentido figurado da palavra. Pois durante a semana na correria das tarefas de mãe eu me segurava bem. Já na sexta-feira um certo pânico batia no coração. A sensação de enfrentar o fim de semana sozinha me assombrava e eu até tremia.
Durante o período de ausência de meu marido Deus cuidou de alguns detalhes que na época passaram despercebidos por mim. Ele também me ensinou coisas que eu não teria aprendido num curso de vida normal.
Dos detalhes que ele cuidou me lembro que algumas famílias nos levaram para almoçar no domingo após o culto. Eram convites sinceros que aqueciam o coração. Eu aceitava todos, sem hesitar.
Um dia Uma amiga deixou discos de pizza assados na portaria, feitos por ela! E talvez ela nem se lembre disso, faz tanto tempo. Mas a maneira que ela me fez sentir amada e cuidada pelo Pai, isso nunca me esquecerei.
Além do cuidado fisico e emocional Deus usou essa separação momentânea para me apresentar o ministério MOPS. Uma amiga missionária americana me encorajou a procurar um grupo de mães.
Essa história aconteceu em 2004. Fui mãe do MOPS no Colorado e cinco anos depois alguém me procurou para iniciar um grupo no Brasil! Yes! Oração respondida, eu havia orado por isso cinco anos antes!
E já faz 10 anos que esse ministério leva o amor de Deus às mães brasileiras.
Assim eu fui abençoada por mães que investiram em minha vida, e vi Deus, por meio de uma momentânea aflição, produzir glória. Quando olho para trás vejo a poderosa mão de Deus em cada pedaço da minha história.
Honre sua história. Não subestime o momento que está vivenciando ou enfrentando. E nem deixe de aceitar convites e não tenha receio de receber ajuda. Você pode estar rejeitando o cuidado de Deus por meio da mão estendida de alguém.
Não se intimide com os detalhes sórdidos de sua história. Deus está agindo, mesmo ali. Simplesmente olhe para trás e perceba a bondade e misericórdia de Deus, mesmo ali... nos momentos difíceis!
“Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre.” 2Coríntios 4:18 NTLH
Cristina Cardoso
Cristina Cardoso é mãe de três meninos. Já foi secretária executiva, tradutora de informática, especialista em TI e hoje ela dedica seu tempo à gestão de líderes do MOPS no mundo todo, treinando mães para se reunirem em suas comunidades para rir, chorar e abraçar o caminho da maternidade, se sentirem mais equipadas para descobrirem sua verdadeira identidade.